Durante a maior
parte da minha vida sempre achei que o segredo para emagrecer (estou a falar
estritamente de emagrecer, perder peso, porque, na altura era só isso que me interessava) eram as dietas. Quanto mais restrittivas melhor. Segui imensas. Passei fome. Tive cravings que se sucediam uns aos
outros. E, invarivalemente, acontecia-me sempre o mesmo: ao fim de um tempo
(podia ser uma semana, um mês ou dois) acabava por me cansar, desistir e voltar
aos meus velhos hábitos alimentares que, apesar de não serem propriamente maus
(sempre apreciei comida saudável, fruta e vegetais) também não eram bons e me faziam recuperar todo o peso que tinha perdido e, às vezes, mais (e há que mencionar aqui que, quando perdemos peso, perdemos gordura, massa muscular e água e quando recuperamos de forma desregrada, apenas recuperamos gordura, por isso, ficamos ainda menos saudáveis do que antes de perdermos o peso). Até
porque, quando eu desistia das dietas, o que me apetecia era chafurdar em
comidas que me deixassem cheia e satisfizessem todos os meus desejos
acumulados. E aí entrava o “perdido por cem, perdido por mil”, ou seja, já que
desisti da dieta, posso comer tudo o que me apetecer, tanto faz. No fundo, o
sentimento de ter falhado mais uma vez deixava-me tão frustrada que não me
importava minimamente com cuidar de mim nem com a minha saúde. E, desta forma,
passavam-se semanas e meses a comer de forma desregrada, chegando, muitas
vezes, a alturas em que comia por comer e já não estava a retirar verdadeiro
prazer daquilo que comia. Até que começava uma nova dieta e o ciclo se repetia.
Igual, sem tirar nem pôr.
Até que, mais ou menos em Outubro deste ano,
depois de ter feito uma dieta (LEV) que me tinha feito perder 15 quilos em dois
meses, reparei que estava novamente mais gorda. Já tinha recuperado 8 desses
quilos perdidos. Aí, pela primeira vez na vida, parei e pensei que não queria
mais aquilo para mim. Não queria passar a vida a alternar períodos de dieta
restritiva, que me faziam emagrecer e sentir bem comigo, mas à custa de passar
fome, passar privações e, muitas vezes, comer coisas que não gostava e não me
deixavam satisfeita (por exemplo, durante anos acreditei que só emagrecia se, ao jantar, só comesse sopa e já estava farta de sopa), com período de
alimentação desregrada, em que comia tudo o que me apetecia e não apetecia,
apenas por comer, apenas porque sim, apenas porque não queria saber e, no fundo,
precisava de me vingar e recompensar dos períodos de restrição. No entanto, não
foi nesta altura que a minha cabeça mudou. É complicado alterarmos a nossa
forma de pensar, desconstruirmos algo que está profundamente enraizado em nós.
Eu sabia que não queria aquilo, mas continuava a querer e a precisar de
emagrecer. Perdi algum peso, mas o tempo foi passando, chegou o Natal, fui
operada, e não adquiri novos hábitos.
Em Março deste ano um acontecimento
inesperado e negativo fez-me perceber que não podia mesmo continuar a estragar
a minha saúde. Percebi que tinha de passar a comer bem. Sempre. Nesta altura já
conhecia o Blog da Mimis e a história da Catarina Beato, que tinham perdido peso
através de uma alimentação saudável e saborosa. Comecei a ler, a investigar, a
estudar e percebi que, de facto, não tinha de passar fome nem privações. E foi
a partir daí que comecei a fazer uma reeducação alimentar, na qual me mantenho
há aproximadamente 3 meses, que já me fez perder quase 10 quilos e me deixa
saciada e feliz.
Mas, afinal, o que é uma reeducação
alimentar? É uma forma de nos alimentarmos que, à partida, mais do que a perda
de peso, visa a criação de hábitos saudáveis, através da ingestão de alimentos
ricos em nutrientes, que se possa manter durante toda a vida. Em reeducação
alimentar não há restrições absolutas, não se passa fome, mas há uma alteração
permanente de hábitos e padrões alimentares. Passa a privilegiar-se o consumo
de alimentos o mais perto possível do seu estado natural, e alimentos o mais
ricos possível em termos nutricionais. Há espaço e lugar para uma refeição mais
livre e menos saudável de vez em quando, mas, mesmo aí, convém que exista uma
preocupação com aquilo que estamos a comer. E, com isto, perde-se peso, sim.
Sem sacrifícios, sem fome, sem dietas restritivas, sem oscilações de peso que
nos causam ansiedade, angústia e flacidez. As perdas são, obviamente, mais
lentas do que com dietas restritivas, mas, também, muito mais consistentes e
fáceis de manter, porque tiveram origem numa alteração de hábitos alimentos e
comportamento face à comida. É que a reeducação alimentar também se passa a
nível psicológico; a comida deixa de ser uma forma de compensação e de alívio
da ansiedade. Continua a ser uma fonte de prazer, porque comemos alimentos
saborosos e que nos alimentam em todos os sentidos, mas deixa de haver o “vou
comer este bolo porque mereço” e passa a existir o “vou comer esta bolacha
caseira, feita sem açúcar, com aveia e mel, porque mereço cuidar de mim e do
meu corpo”. No meu caso, por exemplo, deixei de ter vontade de comer porcarias. Não sei explicar porquê, mas a verdade é que nunca mais tive cravings. Sinto-me tão satisfeita com a minha alimentação que não há lugar a desejo de alimentos que me fazem mal.
Por isso, o meu conselho é: se querem perder peso de forma consistente, ser mais saudáveis, sentirem-se melhor convosco e com o vosso corpo, esqueçam as dietas. Não é através delas que o vão conseguir, mesmo que um qualquer nutricionista ou médico ou personal trainer vos diga que sim. A resposta definitiva para a perda de peso, melhoria da saúde e aquisição de hábitos saudáveis é reeducação alimentar, aliada ao exercício físico. Não há milagres, há perseverança e mudança de hábitos, que levam aos resultados desejados.
Por isso, o meu conselho é: se querem perder peso de forma consistente, ser mais saudáveis, sentirem-se melhor convosco e com o vosso corpo, esqueçam as dietas. Não é através delas que o vão conseguir, mesmo que um qualquer nutricionista ou médico ou personal trainer vos diga que sim. A resposta definitiva para a perda de peso, melhoria da saúde e aquisição de hábitos saudáveis é reeducação alimentar, aliada ao exercício físico. Não há milagres, há perseverança e mudança de hábitos, que levam aos resultados desejados.
Podem ler em que consiste a minha reeducação alimentar aqui.
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