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domingo, 15 de junho de 2014

Dietas versus reeducação alimentar


Durante a maior parte da minha vida sempre achei que o segredo para emagrecer (estou a falar estritamente de emagrecer, perder peso, porque, na altura era só isso que me interessava) eram as dietas. Quanto mais restrittivas melhor. Segui imensas. Passei fome. Tive cravings que se sucediam uns aos outros. E, invarivalemente, acontecia-me sempre o mesmo: ao fim de um tempo (podia ser uma semana, um mês ou dois) acabava por me cansar, desistir e voltar aos meus velhos hábitos alimentares que, apesar de não serem propriamente maus (sempre apreciei comida saudável, fruta e vegetais) também não eram bons e me faziam recuperar todo o peso que tinha perdido e, às vezes, mais (e há que mencionar aqui que, quando perdemos peso, perdemos gordura, massa muscular e água e quando recuperamos de forma desregrada, apenas recuperamos gordura, por isso, ficamos ainda menos saudáveis do que antes de perdermos o peso). Até porque, quando eu desistia das dietas, o que me apetecia era chafurdar em comidas que me deixassem cheia e satisfizessem todos os meus desejos acumulados. E aí entrava o “perdido por cem, perdido por mil”, ou seja, já que desisti da dieta, posso comer tudo o que me apetecer, tanto faz. No fundo, o sentimento de ter falhado mais uma vez deixava-me tão frustrada que não me importava minimamente com cuidar de mim nem com a minha saúde. E, desta forma, passavam-se semanas e meses a comer de forma desregrada, chegando, muitas vezes, a alturas em que comia por comer e já não estava a retirar verdadeiro prazer daquilo que comia. Até que começava uma nova dieta e o ciclo se repetia. Igual, sem tirar nem pôr.
   Até que, mais ou menos em Outubro deste ano, depois de ter feito uma dieta (LEV) que me tinha feito perder 15 quilos em dois meses, reparei que estava novamente mais gorda. Já tinha recuperado 8 desses quilos perdidos. Aí, pela primeira vez na vida, parei e pensei que não queria mais aquilo para mim. Não queria passar a vida a alternar períodos de dieta restritiva, que me faziam emagrecer e sentir bem comigo, mas à custa de passar fome, passar privações e, muitas vezes, comer coisas que não gostava e não me deixavam satisfeita (por exemplo, durante anos acreditei que só emagrecia se, ao jantar, só comesse sopa e já estava farta de sopa), com período de alimentação desregrada, em que comia tudo o que me apetecia e não apetecia, apenas por comer, apenas porque sim, apenas porque não queria saber e, no fundo, precisava de me vingar e recompensar dos períodos de restrição. No entanto, não foi nesta altura que a minha cabeça mudou. É complicado alterarmos a nossa forma de pensar, desconstruirmos algo que está profundamente enraizado em nós. Eu sabia que não queria aquilo, mas continuava a querer e a precisar de emagrecer. Perdi algum peso, mas o tempo foi passando, chegou o Natal, fui operada, e não adquiri novos hábitos.
   Em Março deste ano um acontecimento inesperado e negativo fez-me perceber que não podia mesmo continuar a estragar a minha saúde. Percebi que tinha de passar a comer bem. Sempre. Nesta altura já conhecia o Blog da Mimis e a história da Catarina Beato, que tinham perdido peso através de uma alimentação saudável e saborosa. Comecei a ler, a investigar, a estudar e percebi que, de facto, não tinha de passar fome nem privações. E foi a partir daí que comecei a fazer uma reeducação alimentar, na qual me mantenho há aproximadamente 3 meses, que já me fez perder quase 10 quilos e me deixa saciada e feliz.
   Mas, afinal, o que é uma reeducação alimentar? É uma forma de nos alimentarmos que, à partida, mais do que a perda de peso, visa a criação de hábitos saudáveis, através da ingestão de alimentos ricos em nutrientes, que se possa manter durante toda a vida. Em reeducação alimentar não há restrições absolutas, não se passa fome, mas há uma alteração permanente de hábitos e padrões alimentares. Passa a privilegiar-se o consumo de alimentos o mais perto possível do seu estado natural, e alimentos o mais ricos possível em termos nutricionais. Há espaço e lugar para uma refeição mais livre e menos saudável de vez em quando, mas, mesmo aí, convém que exista uma preocupação com aquilo que estamos a comer. E, com isto, perde-se peso, sim. Sem sacrifícios, sem fome, sem dietas restritivas, sem oscilações de peso que nos causam ansiedade, angústia e flacidez. As perdas são, obviamente, mais lentas do que com dietas restritivas, mas, também, muito mais consistentes e fáceis de manter, porque tiveram origem numa alteração de hábitos alimentos e comportamento face à comida. É que a reeducação alimentar também se passa a nível psicológico; a comida deixa de ser uma forma de compensação e de alívio da ansiedade. Continua a ser uma fonte de prazer, porque comemos alimentos saborosos e que nos alimentam em todos os sentidos, mas deixa de haver o “vou comer este bolo porque mereço” e passa a existir o “vou comer esta bolacha caseira, feita sem açúcar, com aveia e mel, porque mereço cuidar de mim e do meu corpo”. No meu caso, por exemplo, deixei de ter vontade de comer porcarias. Não sei explicar porquê, mas a verdade é que nunca mais tive cravings. Sinto-me tão satisfeita com a minha alimentação que não há lugar a desejo de alimentos que me fazem mal.
Por isso, o meu conselho é: se querem perder peso de forma consistente, ser mais saudáveis, sentirem-se melhor convosco e com o vosso corpo, esqueçam as dietas. Não é através delas que o vão conseguir, mesmo que um qualquer nutricionista ou médico ou personal trainer vos diga que sim. A resposta definitiva para a perda de peso, melhoria da saúde e aquisição de hábitos saudáveis é reeducação alimentar, aliada ao exercício físico. Não há milagres, há perseverança e mudança de hábitos, que levam aos resultados desejados.
Podem ler em que consiste a minha reeducação alimentar aqui.

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