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terça-feira, 10 de junho de 2014

Motivação e força de vontade


 Muitas pessoas me têm dito, nos últimos tempos, que eu sou uma inspiração e me têm agradecido pelo bom exemplo que dou. E isto é muito estranho para mim. Até há poucos meses, eu era uma das pessoas que estão 'do lado de lá', agarrada a dietas restritivas, que nunca conseguia levar uma dieta até ao fim, que andava sempre cheia de fome e vontade de comer coisas que não devia. Até que me cansei. Percebi que não queria aquilo para mim. Não queria continuar a vida em dieta, alternando fases em que não comia quase nada com fases em que encolhia os ombros e pensava ‘perdido por 100, perdido por 1000’. Além disso, estava farta de nunca me sentir bem comigo nem com o meu corpo. Ora me sentia esfomeada, ora me sentia gorda e inchada por andar a comer de mais. Foi aí que decidi mudar. Mas mudar mesmo. Mudar de forma decisiva e consistente. 
E, foi quando decidi mesmo mudar, que percebi que isto de ter uma alimentação saudável é para a vida inteira. Claro que já tinha lido isso em imensos sítios, mas, tendo em conta o padrão alimentar restritivo que eu seguia quando queria perder peso, não me queria convencer que teria de ser assim para sempre. E a verdade é que não tem. Não tem mesmo. Por a mudança a nível alimentar ser para a toda a vida, ela tem de se adaptar à nossa vida, tem de nos permitir comer coisas de que gostamos.
Muitas vezes dizem-me que eu tenho muita força de vontade. Ora bem, eu não acredito em força de vontade. Força de vontade todos temos... quando queremos uma coisa que acreditamos ser possível. A chave, para mim, é mesmo essa: acreditar. Acreditarmos em nós, confiarmos no processo e nos resultados, sentirmos que vale a pena fazer o investimento, acreditarmos  profundamente, que merecemos, ser mais saudáveis e mais felizes. Tal como diz a Catarina Beato, mais do que acharmos que merecemos 'aquela fatia de bolo', sentirmos que merecemos cuidar de nós, e do nosso corpo.
No que diz respeito à motivação, eu acredito que há um momento em que as coisas se conjugam. Acredito que há um momento em que o querer, o acreditar, o estar disposto a mudar definitivamente, o gostarmos de nós o suficiente para fazer o investimento, e o termos alguém que nos apoie se sintonizam e nos permitem, finalmente, conseguir o que durante muitos anos quisemos, mas não conseguimos. Não basta querer. Muitas vezes dizem-nos que se quiséssemos mesmo conseguíamos, mas eu não acredito nisso. É preciso mais do que querer. Por exemplo, no meu caso, durante anos, tive ajuda da minha madrinha, que gastou imenso dinheiro em dietas, consultas e tratamentos. Mas faltava-me o principal: eu não gostava de mim, nem me achava merecedora de uma mudança tão grande. Muito menos acreditava que conseguiria, realmente, emagrecer. Não é que eu não estivesse motivada, mas não estava preparada.
Por isso, a ideia principal que quero passar neste texto, é a necessidade de gostarmos de nós. Tenhamos o corpo e o peso que tivermos, temos de conseguir gostar de nós. Porque só assim vamos conseguir fazer o que é necessário para mudar. Parece um contra-senso, eu sei, e há muitas pessoas que acreditam que vão gostar mais delas quando perderem peso. Mas não é assim que funciona. O gostar de nós tem de vir primeiro. A este propósito deixo-vos um texto longo, mas muito interessante, que retrata muito bem aquilo por que nós, mulheres, quase todas passamos: a eterna insatisfação como nosso corpo, que muitas vezes nos é passada pelas nossas mães, mesmo que não tenham consciência disso e que também nós, se não tivermos cuidado, iremos passar  às nossas filhas. No meu caso, não posso deixar de destacar a importância que o meu namorado teve em todo este processo. Ele ensinou-me a gostar de mim. Foi através dos olhos dele que eu me comecei a ver de outra forma. Foi ele que me mostrou que, mesmo gordinha, eu merecia que um homem gostasse de mim. E, por isso, vou-lhe estar para sempre agradecida. Ele foi uma peça fundamental em todo este processo.
Gostarmos de nós. Acreditarmos que é possível. Percebermos que a mudança é para sempre, que as dietas restritivas não funcionam, e que a reeducação alimentar que se adapta à nossa vida, rotina e gostos e nos permite comer de forma saudável e saborosa é a resposta. São estes os passos fundamentais para conseguirmos, também nós, passar a ter uma alimentação mais saudável. E, consequência disso, para sermos mais felizes. 

3 comentários:

  1. :)) Eu gosto de mim... mas também gosto de chocolate branco.. lolol... e agora? =P

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    1. Sara,

      Mas podes comer um quadradinho ou dois de chocolate branco, de vez em quando e com moderação. Assim até apreciamos mais o sabor das coisas.

      Beijinhos

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  2. Não podia concordar mais e já há muito tempo que penso da mesma forma, primeiro temos de gostar de nós próprias. Aquilo que a Catarina diz, que também merecemos as coisas boas e saudáveis, até mais do que o chocolates ou outras guloseimas tocou-me muito e parece-me que a ti também.
    O teu percurso está a ser verdadeiramente inspirador. E é tão simples! Tive já vários momentos de "cair a ficha" e decidir viver de forma mais saudável mas ainda tenho um percurso grande pela frente, ainda cedo muito à gula, como demasiada quantidade de comida. Vou contrabalançando com o exercício físico que tem sido um verdadeiro motor para transformar o meu corpo e fazer-me sentir melhor comigo mesma. Aos poucos acredito que vou ao sítio. :)

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